As
novas competências e novas capacidades são requeridas, devendo a escola ser
encarada como uma organização flexível, moderna, capaz de encontrar soluções,
de dar novas respostas a essas exigências. No entanto, construir mudança na
escola é um processo que impõe o envolvimento de todos os actores sociais que
com ela se relacionam.
Assim,
a ideia de comunidade educativa ganha força, implicando uma escola mais aberta,
mais criativa, mais interveniente. Como referem Carvalho e Diogo (2001), citado
por Sónia Barreto (2006,p.31), “é pela participação e intervenção que a
inovação se constrói e interioriza e, no caso da educação é na escola o seu
lugar privilegiado”.
Da
participação da comunidade educativa na vida real da escola e das preocupações
nela vividas internamente no seu dia-a-dia, resultará um projecto comum que
servirá a acção colectiva. Neste sentido, convém recordar o que sobre projecto
educativo refere Vasconcelos (1999): citado por Sónia (2006,p. 42):
“trata-se
de um documento orientador da acção educativa que esclarece finalidades e
funções da escola, inventaria os problemas e os modos possíveis da sua
resolução, pensa os recursos disponíveis e aqueles que podem ser mobilizados,
resultante de uma dinâmica participativa, amigável, integrativa e procura
mobilizar todos os elementos da comunidade educativa”.
Sendo
uma orientação inovadora, o projecto educativo (PEE) perfila-se como algo
urgente de se dotar aos professores e director de escola, funcionários
administrativos, os próprios alunos, as famílias, as autoridades governamentais
e tradicionais e a comunidade local alguns instrumentos teóricos e práticos que
lhes permitam fazer uma gestão eficaz da sua escola e simultaneamente,
contribuir para a melhoria da qualidade de ensino, numa reformulação de
reflectir não só nas modificações, mas também as experiências vividas pela
escola a nível académico e comunitário.
A
escolha deste tema é fruto de uma profunda observação feita à escola em
referência, tendo em conta que um dos maiores desafios que hoje
se coloca à escola é o de ser capaz de afirmar a sua própria identidade;
reconhecer as suas características
próprias e pô-las ao serviço das grandes finalidades educativas. As
constatações iniciais feita à escola Ilídio Machado verificou-se que a mesma
não possui um projecto educativo de escola de acordo com as normas, ou seja um
projecto com todos os padrões de regras e normas universais, facto que leva ao
improviso ou seja não se sabe aonde viemos, para aonde estamos e o que
desejamos fazer, não sabemos como vamos, fazer, aonde mudar e para que mudar. É neste contexto que surgiu a necessidade de se levantar essa
temática, no sentido de incentivar os
actores educativos desta escola na elaboração de um Projecto Educativo próprio, que lhe permita
interagir com o meio, expressar a sua identidade, as linhas de força da sua
acção educativa, as suas dinâmicas, concretizando desta forma a sua autonomía. O
projecto Educativo pode auxiliar o cumprimento das actividades
escolar, realizando as diversas e
diferentes actividades de gestão, no
sentido de promover uma nova visão de uma escola eficiente, amigável e de qualidade
para toda comunidade educativa.
Segundo Pacheco(2001), Projecto Educativo de Escola, “é aquele que traduz a política educativa,
distinta e original de cada comunidade educativa, construída na gestão de
tensões positivas entre princípios e normas nacionais e princípios, objectivos,
necessidades, recursos e modos de funcionamento
específicos de cada escola”.
O projecto educativo da escola pode definir-se
de duas formas, conforme se encara no ensino particular ou no estatal.
No
ensino particular, vai servir a escola seguidora de uma ideologia e por isso
tem um ideário de opção, conforme Costa (1991, p. 23), “é um definido como um
documento pedagógico elaborado por toda a comunidade, com caracter temporal,
expressa, a nível realista e concreto, a actividade educativa, em ordem à
ocorrência da acção e organização académica da escola. Pode ter uma
configuração própria e não se dirigir tanto aos meios de definir valores
educativos, porque estes já estão expressos no ideário”. No ensino estatal, o
projecto educativo de escola não admite ideário, visto que o estado não pode
atribuir-se o direito de programar a educação e a cultura segundo quaisquer
directrizes filosóficas, estéticas, políticas ideológicas ou religiosas.
Este
projecto educativo, sem ideário, deve, como documento de orientação pedagógica,
conter de forma explicita os valores que a comunidade educativa pretende ver
veiculados e defendidos pela escola .
Porém,
este tipo de projecto educativo define-se como documento de carácter pedagógico
que é, elaborado com a participação da comunidade educativa, estabelece a
identidade própria de cada escola através da adequação do quadro legal em vigor
à sua situação concreta, apresenta o modelo geral de organização e os
objectivos pretendidos pela instituição e, enquanto instrumento de gestão, é
ponto de referência orientador na coerência e unidade da acção educativa(Costa,
1991, p. 10).
A
elaboração do projecto educativo compete a todos os actores da escola desde a
direcção da escola, colectivos de professores e representantes da comunidade
educativa.
Na perspectiva de Canário (1999), é um documento que formaliza as intenções e as
acções da política educativa e curricular de uma escola.”
O
projecto educativo de escola é um instrumento de concretização e de gestão da
autonomia da escola quando é concebido e desenvolvido na base do cruzamento de
perspectiva e posições diversas (professores, alunos, pais, agentes da
comunidade, outros educadores) que proporcionem a existência de diálogo dentro
da escola, e desta com a comunidade e que enriqueçam a cultura e os saberes escolares
com a dimensão social.
BIBLIOGRAFIA
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Santiago de Composta: Servício de publicacións e intercâmbio científico- campos
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CANÁRIO, Maria Beatriz, (1999). Construir um Projecto Educativo Local:
Relato de uma Experiência, Cadernos de organização e Gestão Escolar.
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CARVALHO,
Angelina e Diogo, Fernando (2001). Projecto
Educativo. Edições Afrontamento,Colecção
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COSME, Ariana e TRINDADE, Rui, (2001), Área de Projecto – Percursos com Sentido.
4ª Edição. Porto: Edições ASA.
COSTA, Adelino Jorge, (1991). Gestão Escolar - Participação. Autonomia.
Projecto Educativo da Escola. Lisboa: Texto Editora.
PACHECO, José Augusto (2001). Currículo: Teoria e Praxis. Porto
Editora, Porto, LDA;
VASCONCELOS, Nuno Fernando (1999). Projecto Educativo – Teorias e práticas.
1ªEdição, Texto Editora LDA. Colecção Educação Hoje, Lisboa;
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